sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Gosto

Eu gosto de manhã de sol e tarde chuvosa.
Gosto de ver o cinza contaminando o mundo.
Gosto de ver o chão azulejando.
Eu gosto do gosto de dias assim.

Eu gosto quando surgem arco-íris em torneiras pingando
Gosto de aprender palavras novas
Mesmo que não as vá usar no cotidiano...

Gosto de filmes de guerra
Eles me fazem adorar o meu país.

Gosto da grama crescendo a rodo
E mostrando quanta vida possui.

Gosto do som das coisas se contraindo durante o frio da madrugada.
Gosto das luzes amarelas no alto dos postes...
Gosto dos vagalumes e de toda analogia que encontro neles.

Gosto de óculos coloridos e cabelos também.
Gosto de saber que as crianças acreditam e temem a tudo
Pelo menos por enquanto.

Gosto de ver o amanhecer, o entardecer e gosto da noite.
De saber que estou na primeira fila da minha vida
Assistindo de camarote toda mágica presente em nossos dias.

Gosto das janelas embaçadas no ônibus
De casais de velhinhos caminhando de mãos dadas
De lagos com patos, de lagos sem patos.

Gosto de descobrir as coisas por mim mesma.
Gosto de inventar nomes pra todas as coisas.
Gosto de detestar as formas ridículas de declarar amor a tudo
A todos
E a todo tempo.

Gosto do cheiro de sopa de escola
De estampas inusitadas
De espuma do mar
De bolo de festa
De bebês enquanto dormem.

Gosto do gosto de ter o gostar do que eu mesma gosto
Sem ter que me importar.

Millez-09

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Pense em algo interessante...

O que poderia prender-te a atenção hoje?
Algo que o domine completamente...
Que o transporte a uma nova dimensão.

O que há de novo nesse mundo?
Uma música? Um poema?
Talvez a globalização esteja se perdendo.

O que é que existe para ser criado?
Se já existe... já é criado...
Mudo, absurdo e imutável.

O que existe de mais estranho no mundo estável?
Se é que existe. Já é provável.
Mas o que há de diferente...

Diferente quanto?
Inerte estamos...
Esperando.

Trágico demais?
Se está aqui, apenas o suficiente.
Humano tolo, descrente.

Qualquer coisa te inebria
És tão manipulável...
Tão estranho quanto sente.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Cinza

E foi quando o silêncio contaminou o ambiente em que estava.

Ontem eu pude ver todas as coisas queimando...
Lentamente tudo virava cinzas...
As árvores, as flores, os animais, as pessoas, o céu. Tudo.

Tudo virava cinzas...

E mesmo presenciando tudo se consumir ao meu redor,
Eu me senti feliz.
Era tão bom saber que eu não estava no meio daquele inferno
Eu estava simplesmente, assistindo.

É desta maneira que reconheço-me, constantemente: assistindo.
Assisto as coisas desmoronarem todo o tempo...
E sou capaz de sentir a satisfação de ter meus olhos ainda nas órbitas.

Existem coisas que fogem ao nosso controle
Porque o desespero vem...

E tudo continua como se nada de diferente houvesse...


m1ll3z.14.8.9

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Se imagina, são.

O que eu mais queria era que os homens parassem de brincar de Deus.
Mas talvez, eles estejam somente abusando desse seu maldito livre arbítrio
Ou talvez, seja só a minha imaginação.

Talvez eu esteja sendo induzida por alguém tão grande quanto eu
A fazer algo que não faria por mim mesma.
Talvez eu seja manipulada por uma força ainda menor que a minha
E talvez, eu queira mesmo destruir todas aquelas pessoas.

E, sincera-mente, mutilar seus sonhos tem sido bastante divertido pra mim.

Sincera-mente? Talvez eu minta um pouco mais,
Ou um ano a mais.
Pois o erro é humano.

Humano, sem mais.

Talvez eu seja real-mente, este chacal que aparento.
E talvez eu seja apenas aquilo escondido, perdido, excluído...

Enquanto conversamos eu arquiteto o funeral.
... está anotando tudo direitinho?

Nunca vi um nó de forca tão bem dado.
Nem tão bem utilizado.

Você deveria sair mais!
Se divertir, ou pensar que se diverte
Coisa que não entendo...

Você fica fazendo aquele seu social infernal todo o tempo...
Medo de ficar sozinho?
Nem é capaz de conviver consigo ainda...

Nem auto-piedoso, nem auto-suficiente.

E mesmo sabendo do lamentável fato de que eu não baste pra você,
Sobrou uma alça pra mim?

Talvez você perceba o que eu tenho feito
"Antes tarde, do que mais tarde ainda..."
Eu penso em coisas tão instigantes pra te dizer enquanto dorme...
E quando acorda aterrorizado ainda acha que me comove!

Por que eu insisto em ser trans-parente?
Se tenho, como o seu, o sangue quente
Além de pulsando ainda, o tal órgão sem-noção...

A consciência eu encharco do passado que você não esqueceu
Humano imundo, amedrontado... tão tolo quanto eu.

Quer ser jovem, quer ser Deus e quer ser são
Mas fica aí boquiaberto, só vivendo o engano seu.
Quando vai entender que a vida longa é a morte lenta?
Talvez isto tudo seja apenas a sua imaginação.


millez
after father's day... 09